quarta-feira, 1 de setembro de 2010

LER E PENSAR

No dia 21 de agosto, iniciei um curso de extensão ofertado pelo Instituto RPC . Trata-se do curso "Ler e pensar", e foi justamente esse título que me chamou atenção para participar, pois enquanto professora de língua portuguesa devo frisar essa verdade: ler desenvolve a nossa capacidade de pensar, nos tornando pessoas capazes de realizar uma leitura crítica do mundo. Afinal, a capacidade de raciocinar e opinar sobre todos os assuntos é a mais importante para o ser humano, pois sem ela somos meros animais.
Estamos elaborando práticas de ensino a partir do jornal Gazeta do povo e a experiência tem sido excelente. Espero poder contribuir com os amigos professores de forma significativa.
Até mais.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

TEMPO DE MUDANÇAS

Semana passada, ao retornarmos das férias, falei muito sobre mudança com os meus alunos. Estava motivada, após alguns dias de discussões, em nossa semana pedagógica, com os amigos professores. Utilizei então as primeiras aulas com cada uma das minhas seis sextas séries para refletirmos sobre esse novo tempo.
Então, apresentei um texto chamado "Depende de nós", cuja autoria é atribuída a Charles Chaplin, e mostrei a eles que muitas vezes é tão fácil reclamarmos, murmuramos diante de algumas situações e criticar tudo e todos, mas que o difícil mesmo é aceitar que muitas vezes nós temos que assumir novas posturas, quebrar certos preconceitos e começar a caminhar por caminhos alternativos.
Diante dessa reflexão, sugeri que eles avaliassem consigo mesmo as seguintes questões:
  • Quem sou eu?
  • Quais são meus valores?
  • O que é mais importante para mim no mundo?
  • Por que as pessoas ao meu redor são importantes pra mim?
  • Quais são meus verdadeiros sonhos?
  • Tenho me empenhado para realizar meus objetivos?
Depois que refletiram a respeito de cada um dos itens, passamos a falar mais profundamente sobre os sonhos e fiz a leitura de um outro texto que contava a história de uma menina que sonhava ser piloto, todavia o fato de ser mulher há 60 anos atrás a impedia de sonhar, no entanto ela não desistiu e conseguiu realizar a sua grande meta. Nessa hora percebi que aqueles alunos estavam de fato pensando em seus futuros, pensando em dias melhores e acreditando que eles poderiam mesmo conseguir tudo o que almejassem. Eu podia sentir através dos seus olhares que eles também desejam voar, talvez não em aviões, mas desejam ir ao encontro do pote de ouro atrás do arco-íris.
Precisamos sempre pensar que as coisas podem sempre melhorar e que isso depende muito mais de nós mesmos do que dos outros. O começo para uma exorbitante mudança está dentro de nós, por isso é sempre bom motivar as pessoas, principalmente os nossos adolescente, pois muitas vezes a fantasia da infância se vai e deixamos de sonhar quando a realidade de uma fase mais madura e confusa bate à nossa porta.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Velha infância - Autora: Maria Angélica Kanap 6ªA

Outro dia, estava lavando a louça para minha mãe, enquanto minha avó e meu avô, sentados à mesa da copa, conversavam tranquilos.

Olhavam para mim e comentavam sobre as diferenças da infância de hoje e de antigamente. Fingi não ouvir a conversa deles, mas não pude deixar de escutar, pois também tinha a curiosidade de saber como viveram as crianças que hoje têm de setenta a oitenta anos de idade.

Meu avô comentava que brincava de nadar nos rios, soltava pipas, caçava passarinhos com arapucas ou estilingues. Dizia que não havia cercas ou muros nas casas, todas as crianças do local se conheciam e brincavam juntos.

Minha avó, por outro lado, lembrava das amigas de infância, das brincadeiras com bonecas que, naquela época, eram de papelão. Quase chorou ao pensar em quando deixou sua única boneca na chuva e ela se derreteu. Seus pais, na época, eram pobres e nunca mais puderam comprar outra. Lembrava das amigas que jogavam amarelinha, das casinhas que montavam no chiqueiro de porco abandonado, para brincar.

Senti que os dois ficaram tristes ao lembrar que muitas vezes foram à escola com fome, sem agasalhos e sem sapatos, em vista da pobreza.

Pararam os estudos no primário, pois muito cedo tinham de trabalhar para ajudar os pais a cuidar dos irmãos menores.

Não sabiam o que era telefone, nem televisão; apenas um radinho antigo que ficava na cozinha. Luz nem sabiam o que era.

Usavam tiras de panos molhadas em banha de porco que mantinham a chama acesa durante a noite. Dormiam muito cedo e levantavam mais cedo ainda.

Notei as lágrimas nos olhos de minha avó. Lágrimas de saudade da infância, de lembrar da sua família completa e dos tempos que não voltam mais, como dizia meu avô.

Me deu uma forte emoção e uma vontade de chorar também, pois hoje temos tudo em nossas mãos. Não nos faltam roupas, comida, brinquedos, aparelhos eletrônicos, e mesmo assim, reclamamos de nossas vidas.

Deveríamos olhar para trás e ver que a felicidade não está nos objetos e nas coisas materiais, mas na simplicidade e nas menores coisas da vida, que podem ser lembradas para sempre, até a velhice.

Cheguei perto dos dois, abracei-os e disse-lhes que fiquei muito feliz por ter ouvido a conversa e emocionada, pois um dia, daqui a alguns anos, sei que contarei a meus netos como foi a minha infância.

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Entre os excelentes textos produzidos pelos meus alunos, este foi o que escolhi para enviar ao concurso de redação CAS - Conversa entre amigos solidários .

Confesso que fui tocada ao ler as belas palavras de minha querida aluna Maria Angélica e espero que ela e os outros alunos continuem contribuindo com suas produções.

Parabéns a todos os alunos que participaram!



segunda-feira, 31 de maio de 2010

"Doce de amor, Regimilla" - por Regiane Milla

Depois de tanto tempo finalmente ganhei uma poesia só pra mim.
Eu nunca fui uma menina popular, nem tão pouco a mais bonita da classe. Por isso, o único menino que me enviou uma carta, na adolescência, foi um primo meu, com quem eu não tinha tanto contato, só que ele não sabia escrever poemas. Mas essa história fica pra outro dia...
Voltando ao assunto da poesia. Me lembro que minhas amigas sempre acabavam ganhando uma cartinha com alguns versinhos, nem sempre de autoria do gatinho delas, mas as cartinhas sempre continham alguma rima.
Não que eu tenha passado a vida toda frustrada por não ter recebido nem um poema. Na verdade, nunca nem pensei nesse assunto, mas é que o fato de ter ganhado esse presente, neste final de semana despertou em mim a vontade de escrever.
Quando comecei a namorar o meu marido, soube que ele tinha alguns livros publicados. Achei superinteressante. Aos poucos fui conhecendo seus poemas, mas ele já não escrevia mais esse tipo de texto, pois estava na fase dos artigos.
Então, sempre que lia seus poemas enchia o saco dele dizendo que ele só escreveu para as outras e nunca pra mim. É claro que isso era dito com um tom descontraído e amável.
Na semana passada, ele resolveu publicar umas obras que estavam paradas no tempo e pediu para que eu corrigisse, enfim, desse uma organizada para que ele pudesse enviar para a editora.
Fazíamos a leitura dos poemas juntos e nos deparamos com um poema lindo, que falava de uma mulher; uma mulher que na época não existia de verdade e que agora estava ali ao lado dele.
Fiquei emocionando, quando ele me pediu para fazer uma alteração no título. Por isso, o título ficou assim "Doce de amor, Regimilla".
De fato, consegui me enxergar na descrição daquela pessoa e pensei que se talvez ele tivesse escrito depois que me conheceu não seria tão perfeito.

sábado, 11 de julho de 2009

Cacos de uma família - por Regiane Milla

Não é difícil perceber quando uma família vive, ou melhor, sobrevive em função dos problemas que causam a desestruturação familiar. Uma família desfuncional gera frutos doentes que, posteriormente, produzirão sementes das quais não podemos fornecer garantias de que serão saudáveis.
Vários são os motivos que levam uma família a se tormar desestruturada, no entanto, vamos analisar apenas o que julgo principal: a ausência do amor.
O apóstolo Paulo nos ensina em Coríntios que o amor é a base de tudo e que sem ele nada podemos ser. No entanto, em tempos de tantos conflitos, guerras e tanta maldade, uma pessoa que fala em amor pode ser considerada um ser ideológico, mas, enquanto cristãos, não podemos nunca desistir, pois sabemos que Jesus é amor e ele sempre nos ensinou a amar o próximo. Então, como podemos falhar dentro de nossos lares, deixando de amar nossos pais, filhos e irmãos?
As bases de uma família moderna, muitas vezes, são fundamentadas em valores que julgamos ser importantíssimos para a nossa existência. Estruturamos uma família sobre pilares materias, egoístas e mesquinhos e o amor fica, em muitos casos, do lado de fora da construção. Ou, em alguns, nunca nem sequer existiu.
Quando observoo comportamento de meus alunos na escola, vejo o reflexo disso tudo. Neles vejo o quanto uma família bem formada pode influenciar na vida de nossos jovens e adolescentes. Algumas vezes, percebo que no lugar do amor, há revolta. Sempre em nossos conselhos de classe, quando vamos discutir o comportamento de alguns alunos considerados "rebeldes", acabamos descobrindo que em seu "doce lar" as coisas não andam tão doces. Na maioria dos casos, acabamos justificando o comportamento dele com os problemas familiares. Esses casos têm se tornado cada vez mais constantes.
Há um mês, conheci uma aluna que me chamou muito a atenção. Era meu primeiro dia de aula e percebi que ela pensou "vou testar a professora". Ela entrou toda cheia de razão na sala de aula, querendo que eu fosse falar qualquer coisa para ela. Ao contrário disso, ignorei. Durante as atividades, a adolescente de 12 anos simplesmente não fez nada, quero dizer, nada relacionado às atividades, pois permaneceu o tempo todo se olhando no espelho e se maqueando. Continuei a conduzir as atividades de modo que ela não percebesse que eu estava incomodada com aquela situação. Quase no final da aula, me aproximei e tive uma conversa com aquela menina. A primeira coisa que fiz foi fazer o seguinte elogio: "Você é uma garota linda! Nem precisa de toda essa maquiagem!". Naquele momento, ela já me olhou diferente. Continuei com meu discurso: "Por que você não tenta copiar a atividade? Acredito que você saiba fazer tudo, pois é apenas uma revisão." Ela me olhou e disse que iria copiar. Me afastei e continuei com os conteúdos. Quase ao término da aula, passei por sua carteira e ela me disse: "Estou quase terminando, professora!" Aquilo me deixou muito feliz. O sinal bateu e enquanto guardava meu material vi que ela se aproximou, então pedi para que me esperasse e disse: "Por que você se fez de durona comigo? Estava querendo me impressionar, né?! Vejo que você é uma menina super doce, mas que gosta de se mostrar diferente de disso por algum motivo..." Ela me olhou e disse: "Professora, sabia que eu não tenho pai nem mãe? Minha mãe me abandonou e eu moro com minha avó..." Olhei bem para ela e disse: "Imagino que deva ser muito difícil isso para você e que alguém já deve ter justificado seu comportamento devido a esses problemas, mas o que eu te digo é que você deve querer ser uma pessoa boa e mostrar para o mundo que você pode vencer, não tem que se revoltar com as coisas e nem ficar justificando seus problemas, pois você deve ser muito querida por sua avó e deve valorizar isso. Nunca se esqueça de agradecer a Deus por todas as coisas boas que Ele tem feito em sua vida." Ela me olhou com aqueles olhos doces que se escondem por trás de tanto lápis preto e sombra azul, me agradeceu e me deu um beijo. Na aula seguinte, encontrei uma outra garota; não me afrontou mais, nem precisou do meu incentivo para iniciar suas atividades.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O muro - Regiane Milla


Bicho gente inventa cada coisa! Sem dúvida temos que reconhecer que o ser humano possui uma capacidade inigualável de inventar, criar e imaginar coisas que minha mãe consideraria ser "do arco da velha". Parece que quando a gente pensa que já viu tudo, sempre tem alguém para surpreender. Foi assim que os moradores de uma cidadezinha interiorana sentiram-se quando acordaram pela manhã de um dia qualquer.
Aquela era uma cidade bem "zinha". Isso até me faz recordar de um poema famoso de um poeta ainda mais famoso que seu poema. Mas isso nem vem ao caso neste momento. O que precisamos é falar um pouco sobre aquelas pessoas que ali moravam. Pois bem, cidadezinha bem zinha, cachorros soltos na rua, pessoas sentadas em calçadas tomando uma "fresca", crianças sem medo de homem do saco, loira do banheiro, bandido, estuprador...
Por ser uma cidade tranquila, os moradores não se importavam em cercar suas casas. Todas as casas davam a porta diretamente na rua. Na verdade, não havia divisão entre rua e casa. Bastava atravessar uma grama e já estavam na rua. Os acontecimentos eram sempre os mesmos: sicrano de tal que morria, fulana que paria, beltano que fugia. Enfim, todos os fatos giravam em torno da vidinha monótona daquelas pessoas que eram acostumadas com a rotina.
Certa vez, chegaram naquela cidade dois homens desconhecidos. Todos os habitantes se conheciam, mesmo quando chegava alguém de fora, sempre sabiam referências dos novos moradores, pois era parente de um ou de outro. Mas naquele dia isso não aconteceu.
A cehgada dos indivíduos virou motivo de comentários, já que eles adoravam cuidar da vida dos outros, estavam curiosos para saber quem eram aqueles dois. Então, saiam perguntando se alguém conhecia "os dois" que chegaram num carrão branco. Porém as respostas eram sempre negativas.
Havia um boteco bem no miolinho daquele lugar e lá estavam os dois sempre de jaqueta de couro preto. Tomavam uma ou duas cervejas, mas nunca davam muitas informações. Pra falar bem a verdade, conversam mesmo apenas entre si. As únicas palavras que trocavam com o dono do bar, Seu Quim, eram: "nos dê uma gelada" e "obrigada, amigo". Seu Quim, que era macaco velho, começou a desconfiar e devagarinho, vagarinho, foi dando umas entradinhas de vez em quando. Ofereceu uns amendoins para acompanhar a cervejinha, depois uns salgadinhos que sua mulher mesmo fazia. E deste modo foi conseguindo trocar umas dúzias de palavras.
Apesar de toda aquela cortesia, seu Quim não conseguira conquistar a amizade dos dois. Foi aí que pensou que havia uma coisa que ele poderia sugerir a eles que eles poderiam gostar muito. Lembrou que nunca havia os visto com nenhuma rapariga, então veio em sua mente duas possibilidades: ou eram gays ou de fato estavam precisando de mulheres. Seu Quim não sabia como chegar, mas não pensou muito e foi logo dizendo:
__ Escutem, rapazes... Não estão precisando de umas companheiras, não?
Os dois se olharam, sorriram e um deles disse:
__ Sim, mas por que a pergunta? O senhor conhece alguma mulher solteria nessa cidade?
__ Claro, bicho!
__ Andamos sondando e aqui toda mulher parece ser casada, ter filhos e as solteiras não fazem muito nosso tipo, pois saõ muito novinhas e gostamos de mulheres experientes... sabe como é, né?!
__ Estão certos. Todas casadas. Casa-se cedo por essas bandas... mas... maridos viajam muito para a capital, então daí vocês já viram... sozinhas...
__Hum... entendi - disse o outro que até então estava calado. - Então... diga aí... onde podemos encontrá-las?
__ Apareçam aí lá pelas dez da noite que os levo até elas.
__ Certo. Como é mesmo o nome do senhor?
__ Joaquim. Mais conhecido como o Quim do bar.
__ Estaremos aqui então, seu Quim.
Era final de tarde quando os rapazes saíram do bar e foram para o rancho, onde estavam hospedados. Esse local estava há tempos abandonado. Havia pertencido a uma família antiga da cidade, mas até então ninguém havia entendido a ligação daqueles dois, pois ninguém sabia se restava ao menos um ente daquela família.
Às dez em ponto os dois esperavam por Quim na frente do bar. Não demorou muito e logo já se encontraram. Seu Quim pergunta:
__ Qual o nome de vocês?
__ Eu sou o Roberto e este é o Tino.
__ Certo. Assim está melhor. - disse seu Quim dando um sorrisinho.
Os três foram até a casa de Gina, uma senhora bem casada, mas com um fogo que era difícl de apagar. Ela estava aguardando os rapazes já com sua amiga Beth, também muito bem casada com o sócio do marido de Gina. O dono do bar se despediu e lá passaram a noite com as duas senhoras.
No dia seguinte, o boato já estava espalhado pela cidade. Só não dá para entender como em uma cidade tão pequena o marido não descobre que está sendo traído. Todos já comentavam que "os dois" já haviam conhecido "as duas".
E os encontros não paravam de acontecer, dia após dia Roberto e Tino entravam e saíam da casa de Gina a hora que bem pretendiam.
Os dois casais tinham segredos, não só pelo fato da traição, mas estavam tramando alguma coisa. Gina e Beth, apesar de conhecerem muito bem todos da vizinhança não era muito bem tratadas por eles. Eram as visitas que as pessoas costumavam não gostar de receber, mas como os moradores eram pacíficos, procuravam não arranjar encrenca com ninguém. As mulheres eram as que mais odiavam a vistita dessas, pois sabiam que davam em cima de todos os homens casados.
Em uma visita a casa de Dona Bela, Gina conta-lhe um fato que intriga a senhora.
__ Dona Bela, a senhora deve saber que estou de amizades com aqueles rapazes recém chegados na cidade?
__ Sim... a cidade toda sabe.
__Pois vou lhe contar um segredo, mas por favor não conte a ninnguém. -(Era a mesma coisa que pedir para espalhar a todo o mundo)
__ Sim, querida, conte logo, vai...
__ Os rapazes, pois bem,ontem estávamos assistindo ao jornal da noite e os rapazes disseram ter visto um suspeito na região.
__ Suspeito?
__ Sim. Um homem. Disseram que é parecido ao que vimos na tevê ontem. Na reportagem falaram que é violento e impiedoso. Cometeu diversos crimes sangrentos.
__ Mas como é possível ter alguém suspeito por aqui, se conhecemos a todos?
__ É possível sim. Está escondido. Ele teve sua prisão decretada há uma semana e suspeitam estar escondido nesta região.
__ Mas como não vimos o tal cara.
__ Olha, eu sinceramente não sei. Eles não contaram detalhes. Só disseram para cuidar das crianças para que não fiquem na rua.
__ Oh! Sim... vou chamar meus meninos agora mesmo.
__ Sim. Faça isso. Ele é perigoso, parece ter algum distúrbio mental... não sei... psicopata talvez...
O que Gina pretendia ela de fato conseguiu. Deixou Dona Bela aterrorizada.
No dia seguinte, a cidade que era pacata estava virada de pernas para o ar. As pessoas corriam pelas ruas de um lado para o outro, estavam com medo e o que mais se falava era sobre a urgência de murar suas casas, reforçar suas grades e iluminar o lado externo das residências. Mas, na cidade, não havia nenhuma loja de materiais de contrução. Como atenderiam aquela emergência de segurança?
Após saberem que a notícia já estava propagada, Roberto e Tino, que nunca conversavam com ninguém disseram:
__ Por que estão tão afoitos?
__ Até parece que não sabes! Não foram vocês mesmos que disseram ter visto o suspeito?
__ Sim. Ah... então é por isso?
__ Claro. Estamos atrás de tijolos, cimento e areia para murarmos nossas casas.
__ Podemos ajudar. Temos contatos com um pessoal que pode vender o material e nós mesmos podemos fazer os muros para todos vocês. Temos uma equipe e somos bem rápidos.
__ Que maravilha! Quando podem começar?
__ Hoje mesmo.
Já deu para perceber a intenção dos caras né? Nada bobos foram eles.
Na mesma hora, pegaram o celular e fizeram as ligações. Um ia fazendo as solicitações e outro negociando os preços. Enquanto isso chegavam caminhões e caminhões de cimento, areia e tijolos.
O suspeito do jornal da noite nunca foi encontrado.Toda a cidade foi cercada e passaram anos e anos temendo a aproximação de outros que não fossem dos deles.